A vida e o tempo.
- Consultório Ser Feliz

- 26 de set. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 26 de out. de 2020
No início do isolamento social utilizei esse tema sugerindo aos pacientes que se expressassem através da escrita, na intenção de analisar suas impressões sobre esse momento, com o objetivo de fazê-los refletir sobre o significado da própria vida na passagem do tempo.
Grandes filósofos de sucesso, poetas, pintores e escritores deixaram suas marcas referente a esse tema. Quero contar sobre minha visão sobre essa conexão da vida com o tempo e compartilhar com vocês.
Silvana Ballaminut:
Comecei a questionar sobre a vida desde a minha infância. De onde viemos e para onde vamos qual seria o objetivo da vida. Leitura como o livro “O Mundo de Sofia”, me deixava fascinada até chegar a estudar Nietzsche, Freud, Jung, Lacan...
Pois bem, sabemos que viver tem suas complexidades e se relacionarmos ao tempo podemos pensar a vida dividida em fases; a gestação, a infância, a adolescência são fases do desenvolvimento e da aprendizagem.
Depois as fases do jovem adulto, do adulto, do envelhecimento até a morte. E cada uma dessas fases tem sua beleza, descobertas, alegrias e também os desafios, sofrimentos e medos.
O tempo está envolvido em cada momento e o quão importante é dar atenção, perceber e aprender sobre nós mesmos e sobre o outro. É compreender os relacionamentos, as conexões imperfeitas conforme Judith Viorst, no seu livro Perdas Necessárias.
Neste livro ela fala sobre conexões entre pais e filhos, casais, amigos e entre parentes. Além de fornecer um conteúdo para reflexão envolvendo a trajetória da vida até a morte.
Somos no fim influenciados pelos mesmos requintes, prazeres e ansiosos pelos ponteiros do relógio que marcam o passo, lembrando que mais hora ou menos hora o tempo, nos trata com desdém, ignorando nossas conquistas, apagando nossas decepções, deixando apenas uma vírgula em aberto, para que se assim ele desejar, podermos continuar a escrever a nossa breve, porém intensa história.
Eterno momento guardado na memória, E em um velho e rabiscado papel. Imaginação além do desejo! Sentimento além da realidade! Descobre com as escolhas, com acertos e erros, que viver é mais que respirar. É sentir, perder, sonhar, conquistar e realizar. É, e porque não seria? Se apaixonar ou amar!
Anônimo:
A vida é maravilhosa. Ela nos traz muitas dádivas, muitas bençãos. Acredito que tudo isso seja expressado e vivido através do amor. Do amor dos nossos, daqueles que nos aconchegam, nos cuidam, nos ensinam.
A vida através do tempo tem me ensinado que não existe nada mais importante do que a família, sangue do meu sangue. O tempo....ah, o tempo e os acontecimentos da minha família me fizeram sofrer. Sofrer, talvez até demais. Porque amar nos faz sofrer às vezes, com muitas perdas talvez, com muitas deficiências, desajustes, faltas. Mas ainda assim, é amor. Minha família, minha primeira família, foi e é tudo isso. Mas eu não sei, não consigo e não quero aprender a viver sem ela.
Muitas vezes na minha vida, ao longo do tempo, tive algumas perdas que considero desnecessárias. A perda da companhia da minha irmã que eu tanto amo. Ah... minha irmã. Ela é a luz da nossa família. Sinto tanta falta dela. Alguns que eu tanto amei (e ainda amo), foram tirados de mim de uma maneira que foi muito difícil de aceitar, se conformar. O tempo me trouxe muitas faltas, muitas lacunas de presenças tão essenciais para mim. Porém, ainda assim, preciso continuar e caminhar com as novas histórias que eu construí com tanto amor. Sentindo falta do que não retornou e daquilo que nunca chegou. As lacunas de afeto, de atenção, de ser tocada na alma e no coração.
Paciente não identificado.
Paciente de 10 anos:
A vida passa mais rápido do que você pensa e o tempo vai voando igual um passarinho. E é por isso que você tem que aproveitar cada segundo da sua vida e do seu tempo. Às vezes, você tem que pensar que o tempo é a coisa mais preciosa que você tem.
Então procure fazer o que te faz bem, porque aí você vai ter lindas histórias para contar no final.
Luiz Ballaminut:
Vida breve e tempo cruel: são duas coisas que se costuma ouvir, o que sugere que gostaríamos de viver mais e que o tempo tem alguma culpa na nossa decepção de saber que todas as experiências que nós armazenamos na memória um dia se dispersarão, assim como as moléculas de nossos corpos num futuro não distante.
Por conta da tristeza pela finitude se produzem pensamentos diversos que tentam resolver o problema da morte, já que o propósito maior de nossos cérebros é a solução de problemas. São alternativas comuns tentar deixar legados para a posteridade usando as ciências e as artes, ou querer ser lembrado como bom pai, boa mãe, talvez bom amigo, pessoa benevolente, ou um vencedor. Qualquer coisa que tenha significado. E o que pode suprir essa lacuna? O que pode deixar nossa mente saciada? E será que esse é mesmo um trabalho para o raciocínio? Digo isso porque nas mentes não racionais da natureza parece que a luta pela sobrevivência é a prioridade e o auto sacrifício acontece apenas quando faz parte do processo de preservação da espécie, como a subida do salmão contra a correnteza do rio para a desova ou o louva-a-deus que se deixa devorar pela fêmea depois do ato sexual para que ela tenha nutrientes em seu corpo suficientes para a gestação. A dica que fica aí parece ser viver a simplicidade, entender o nosso papel e diminuir o ego. Menos ego é menos sofrer. Não significa diminuir a sua auto estima, mas compreender que podemos ser felizes e desfrutar dos relacionamentos, do bem estar, do conforto, da saúde, do amor e saber que o fim é natural e vai chegar a todos, mas que podemos ocupar o tempo preenchendo-o de vida!
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